5 de abr. de 2011

Estar feliz não é ser feliz .





por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

Hoje me sentei em frente ao meu monitor, procurando fazer uma reflexão sobre felicidade e buscando entender os efeitos que essa palavra nos causa, no dia-a-dia seja no trabalho, em casa, na rua, na chuva ou na fazenda ou em uma casinha de sapê. Em geral, estamos felizes, mas muito poucos são felizes. Existe uma diferença entre estar e ser feliz.
Estar feliz são momentos transitórios em que vivemos após a resolução de um problema que roubou grande parte da nossa tranqüilidade e, ao resolvermos, nos sentimos leves e com aquela sensação de alívio pelo problema sanado.
Precisamos ter uma conversa com um amigo que julgamos seja importante, passamos semanas para encontrar esse amigo, nos angustiamos, ficamos ansiosos pelo encontro e quando, por fim, encontramos e conversamos, ficamos aliviados e felizes.
Às vezes, uma forte enxaqueca que nos tira o sono e nos arrebata a tranqüilidade de uma noite plena de descanso e quando essa enxaqueca vai embora, respiramos aliviados e, finalmente, podemos dormir o sono dos justos. Isso é estar feliz, é experimentar essas sensações de alívio e de bem-estar. Momentos transitórios, mas que são importantes, afinal, não agüentaríamos viver só de problemas ou de dor.
Quanto a ser feliz, é ter um estado permanente de felicidade. Eu diria que é o estado da arte como permanecêssemos em alfa e requerem de nós muita maestria, muita elegância de espírito, uma mistura de poesia e sedução com muita habilidade para viver a vida; é como diz a música:
“A vida tem sons, que pra gente ouvir precisa aprender a começar de novo, é como tocar num mesmo violão e nele compor uma nova canção”.
Ser feliz é aprender a começar de novo, exige muita transpiração somada a muita inspiração, é treinar todo dia como faz um atleta ao se preparar para uma olimpíada: treina à exaustão para superar obstáculos e bater seus próprios recordes.
Ser feliz é saber tirar dos momentos de derrota, decepções, angústias, tristezas sempre uma lição que irá impulsioná-lo para uma próxima etapa da vida. É saber virar a página e agradecer a Deus pela oportunidade de uma nova lição e nunca jamais se desviar do caminho que se quer chegar.
Ser feliz é sorrir todo dia, chorar todas as noites e acreditar sempre que tudo irá mudar para melhor, no dia seguinte; saber que a vida não é uma constante música de amor; mas que a vida é musicalidade e devemos aprender com muita determinação a dançar conforme esta toca, não importa se triste ou alegre.
Ser feliz não é se conformar com tudo, é se indignar com as injustiças; é não acreditar em tudo que falam; é questionar sempre, ter vontade própria respeitando a individualidade; possuir opinião própria sabendo que a sua não é a única; saber dar valor às pequenas coisas, não deixando que nada passe desapercebido aos seus olhos. É tomar as dores dos indefesos, dos humildes, dos idosos, é entender a diversidade, saber conviver e conversar com as pessoas, mas procurar ouvir sempre, pois o silêncio é de ouro.
Ser feliz é um estado de espírito permanente, que ilumina qualquer ambiente onde se chega. Existem pessoas que não cabem em qualquer espaço, de tão felizes e iluminadas que são, tornam-se imensas, tamanho é seu grau de felicidade; são pessoas felizes e iluminadas, cuja convivência nos faz bem.
Ser feliz não é ser rico, pobre ou milionário. A felicidade transcende a classes sociais, culturas e costumes. Pessoas que são pobres e moram humildemente são mais felizes que milionários que habitam palácios. Ser feliz é um estado de graça permanente, independentemente do sol, da chuva ou do frio.
Ser feliz é saber tocar o mesmo violão e nele sempre compor uma nova canção.


Pense nisso
Nelson Sganzerla


4 de abr. de 2011

Quem sabe faz a hora.



por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

“Vem vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”

Vocês que são meus contemporâneos, devem se lembrar muito bem desses versos, cantados por Geraldo Vandré na época da repressão; porém tranqüilizem-se, não vai aqui nesse contexto nenhuma conotação política, mas sim uma conotação para com a vida.
Quem realmente sabe, faz a hora e não espera acontecer... às vezes é difícil entender o verdadeiro sentido dessa frase, fazer a hora, saber fazer acontecer, correndo o risco de ser repetitivo. Digo novamente, tudo é movimento, por mais que você fique parado, sentado em um sofá vendo televisão e engordando, por mais que não queira abrir a janela e deixar o sol entrar, por mais que teime em fugir da realidade, tudo irá acontecer à sua volta, você queira ou não.
Portanto, a questão é saber mudar a sua realidade, pois você é do tamanho dos seus sonhos. Sonhe pequeno e será pequeno, sonhe grande e será grande, faça acontecer, sem medo de se decepcionar, de perder ou de que nada dê certo, elimine a frase “nada dá certo em minha vida” do seu dicionário.
Toda pessoa de sucesso que você conhece, em seu trabalho, no seu bairro, na sua família ou algum amigo, que tinha um projeto pessoal, seguramente passou por fases complicadas, mas sempre acreditou e foi atrás, não importa o tempo que levou, não importa o que sofreu, sempre acreditou que iria chegar e chegou.
Muitas vezes somos educados a não nós arriscarmos, a permanecermos em determinada zona de conforto, do tipo trabalho com horário em um magnífico complexo comercial, com diploma de engenheiro, médico ou advogado pregado a uma parede em uma moldura, como se fosse uma janela fechada para a vida lá fora.
Conheço médicos, engenheiros, advogados insatisfeitos com o seu trabalho, seres que após anos de estudos estão presos a uma realidade que infelizmente foi escolhida por seus pais... veja, eu nada tenho contra as profissões clássicas. Existem profissionais que são vencedores, que conseguiram seu lugar de destaque na sociedade, mas não são a maioria.
Executivos que ganham um excelente salário anual, benefícios para a família, carro blindado da empresa, cartão de credito internacional sem limite de gasto, mas sem tempo para desfrutar essas benesses com a família, sem tempo para levar seu filho ao futebol, sem tempo para ir à reunião da escola, escravos de um celular e um laptop nos saguões dos aeroportos da vida. Eles tem dinheiro, mas não tem tempo.
Felizmente os valores estão mudando, existe até um movimento minimalista, o qual prega que a vida deve ser vivida com o mínimo necessário, procurando mais qualidade de vida, tempo com a família, final de semana sem ficar prisioneiro de uma “conference call” para resolver problemas que se podem resolver durante a semana, sem ter que ficar até altas horas no escritório em intermináveis reuniões, que no final terão que continuar no dia seguinte.
É o mundo da globalização, do capitalismo desenfreado, onde se aprende a trocar o dinheiro pelo tempo; mas qual o custo desse tempo? Será que vale a pena essa troca? O que não se entende é que dinheiro sem tempo pra desfrutá-lo de nada adianta.
Nada acontece por acaso, essa crise mundial veio para colocar um freio no homem capitalista, e trazê-lo à sua realidade, para que se volte para o simples e para o viver melhor.
O “saber fazer a hora” é querer desprender-se desse status que de nada serve a não ser para escravizar e levar ao enfarto e à depressão, qualidade de vida não é possuir vários cartões de credito, não é ter uma excelente casa na praia e não ter tempo para desfrutá-la com a família. Qualidade de vida é poder ir aonde quiser no seu final de semana com sua família, é fazer churrasco, receber os amigos e dar muita risada.
Qualidade de vida não é estar dentro de um carrão, engarrafado no trânsito das grandes cidades do mundo.
O importante é saber fazer a hora; ganhar dinheiro é bom, mas sem ter tempo para gastá-lo torna-se prejudicial à saúde. A hora é de repensar os valores e ver se compensa tanto estresse para manter o padrão de vida que as grandes cidades exigem. São poucas as pessoas que conheço que não se lamentam por estarem trabalhando em excesso.
São poucas as pessoas que conheço que realmente sabem fazer a hora...

Pense nisso.
Nelson Sganzerla




3 de abr. de 2011

Hoje eu me perdôo!

Hoje eu me perdoo!


por Nelson Sganzerla - nelsonsganzerla@terra.com.br

Eu tenho reclamado dos meus dias, que em geral sempre são iguais, em muitas das vezes fatigantes, hoje quero sinceramente pedir perdão a mim, por contribuir para que esses dias sejam sempre iguais; afinal, reconheço, não tenho me dedicado com afinco para que isso mude, não tenho reconhecido que na maioria das vezes estou em péssimo estado de humor; afinal, não tenho me gostado como eu deveria. Então, hoje resolvi me perdoar.
Sei muito bem que é muito difícil despertar bem humorada, logo cedo e enfrentar os afazeres que eu escolhi em tê-los nessa minha história de vida, como: acordar cedo, deixar meus filhos na escola ir para o trabalho, amargar um trânsito medonho, com tudo de ontem para organizar, ter que suportar pessoas falsas e invejosas e o meu diretor que nunca valoriza o que faço. Mas hoje resolvi, vou me perdoar.
Tenho muitas responsabilidades nas minhas mãos, que se eu não resolver, ninguém as fará por mim. Também tenho que me preocupar ao chegar em casa com as tarefas domésticas, dever de casa dos meus filhos, preparar o jantar, arrumar a casa e, quem sabe, se sobrar tempo, revisar a apresentação da reunião de amanhã. Eu já não agüento mais ir deitar tarde e acordar cedo. Mas hoje eu vou e preciso me perdoar, afinal, são meus filhos e a família que escolhi ter.
Essa semana de qualquer jeito, preciso sentar com meu companheiro e tratar das despesas do colégio das crianças, do curso de inglês, telefone, água, condomínio e prestação da casa, dos móveis, do carro. Eu sei que tudo isso é um saco, reclamo e odeio muito isso, mas hoje eu resolvi me perdoar do fundo do meu coração. Afinal, essa é a minha história de vida.
Sem ela, eu não seria eu. É verdade, eu tenho tido muito pouca paciência com as pessoas, a grande maioria me irrita, a grande maioria é mal educada, em geral, não gostam das coisas que eu gosto e muitas vezes procuro não perder tempo em conversar com essas pessoas, pois acho que nada agregam a mim.
Não me interesso nem um pouco em conhecê-las melhor; provavelmente, são iguais a mim, com sonhos, com desejos e projetos de vida parecidos com os meus. Realmente eu ando sem paciência, mas hoje eu vou me perdoar, afinal, o ser humano é dual e não dá para viver sozinha (o) e olha que eu já tentei.
Percebi que ando ansiosa demais, por realizar todas as coisas que idealizo, não tenho tido nenhuma paciência em esperar que o universo conspire ao meu favor e que transforme meu ideal em realidade; tenho atropelado o meu tempo, me angustiando por demais, a ponto de ter que tomar antidepressivos.
Recentemente, eu adquiri síndrome do pânico, imaginava que isso era bobagem e que só gente fraca possuía. Minha pressão arterial está alterada e eu que pensei que só idosos tinham esse problema de pressão alterada, mas meu médico disse que é devido ao meu estresse; preocupo-me por coisas que nem aconteceram em minha vida e que nem sei se irão acontecer.
Portanto, hoje, eu resolvi, vou me perdoar, por esses absurdos em que às vezes penso e me dão tanto medo, de simplesmente viver a vida como tem que ser vivida sem ter que ficar me culpando ou me policiando e valorizar mais cada momento em que a vida me permite vivenciar tantas coisas novas e boas, e às vezes nem presto atenção.
Outro dia, fiquei horrorizada: encarei uma balança e quase tive um troço lá na farmácia. Estou 6 quilos acima do meu peso e minha auto-estima foi lá para baixo... Como eu consigo engordar se estou fazendo dieta? Isso tem me deixado sem vontade de sair, nem no espelho estou me olhando.
Mas quer saber: hoje eu resolvi me perdoar, afinal, eu vou levantar minha auto-estima, hoje eu vou encontrar definitivamente uma maneira de me exercitar mais e me dedicar à minha dieta, vou melhorar, eu tenho certeza disso.
Estava aqui pensando em todo esse meu estresse e me lembrei que ontem me peguei batendo boca aos berros com outro motorista no trânsito; quase que provoquei um acidente, simplesmente porque ele não me viu e me deu uma fechada sem querer, me senti ofendida. Como aquele senhor pôde me fechar sem ao menos me ver, sem ao menos ver o meu carro todo novinho?
Depois em casa, pensei, que poderia ter colocado a minha vida em risco brigando com aquele senhor. Mas hoje eu vou me perdoar e jamais irei fazer isso novamente.
Afinal, a minha vida significa muito mais que uma briga de trânsito e, naquele momento, agi como um animal irracional.
Não sei o que me aconteceu, mas hoje acordei com vontade de me perdoar, por todos os erros que tenho cometido, muitas das vezes com vontade de acertar. Resolvi me perdoar por ter falado mal, por ter julgado e por ter me portado como uma pessoa insensível e insensata ao longo desses anos da minha vida.
Me perdoo por ter chorado, quando a hora foi de sorrir, por ter magoado quando poderia ter deixado pra lá, por ter negado um carinho, ter afastado o meu ombro e freado o meu abraço. Eu hoje me perdoo, por não ter amado o suficiente e provocado uma lágrima de dor. Hoje me perdoo pelo meu preconceito e pela minha omissão, pela minha avareza e pela minha petulância. Eu entendi que hoje estou tão cheia de sentimentos vis, tão repleta de arrogância, que nada mais cabe em mim. Hoje eu decidi promover essa faxina através do meu perdão, abrir espaço para que eu seja feliz. Por isso; só hoje eu me perdoo.



Pense nisso.
Nelson Sganzerla